sexta-feira, 30 de outubro de 2009

MOTHER FUCKERS - CASO PUTA DA UNIBAN



VIRGULA: Você está assustada com tamanha repercussão?
Estou assustada e com receio. Agora mesmo estou na frente do computador brigando com as pessoas no Orkut. Tem muita gente falando besteira. Não sou nada disso que disseram. Quem me chamou de meretriz e de puta vai pagar por isso.

VIRGULA: Como assim?
Ué, eu vou processar todo mundo que está falando mal de mim, que está espalhando calúnia por aí. Por enquanto estou reunindo provas e procurando um bom advogado.

VIRGULA: E a faculdade? Como ficou a sua situação?
Tenho uma reunião com a reitoria da faculdade nesta sexta-feira, quando vai ser discutido qual será o meu destino. Pretendo voltar a frequentar as aulas. Poxa, estou pagando e sem poder ir. Na terça-feira eu já quero estar de volta, mas exijo que a faculdade garanta a minha segurança, o que não aconteceu naquele dia.

VIRGULA: Onde estavam os seguranças?
Os seguranças da faculdade não estavam conseguindo conter a multidão que vinha para cima de mim. É por isso que eu digo que a faculdade não se posicionou para me ajudar, para me proteger. Uma amiga precisou chamar a Polícia, o que irritou ainda mais os seguranças. Lembro até que eles me mandaram calar a boca.



VIRGULA: Você teme sofrer novas ameaças quando voltar às aulas?
Sim, tenho muito medo de voltar. Mas eu vou voltar, nem que tenha que pedir escolta policial. Eu não fiz nada de errado. Não matei ninguém, não roubei ninguém. Eu vou voltar de cabeça erguida!

VIRGULA: Quando percebeu que o clima estava estranho?
Tudo começou como uma brincadeira sadia e dentro da sala. Meus colegas diziam que eu estava famosa, já que algumas pessoas passavam do lado de fora da classe olhando pra mim. Quando decidi ir ao banheiro, uma menina correu ofegante atrás de mim e pediu pra que eu desse um 'tchauzinho' para um amigo dela que me achava bonita. Eu voltei pra dar o 'tchauzinho', mas não encontrei o rapaz. Aí entrei no banheiro e ouvi o barulho.

VIRGULA: E o que aconteceu?
Várias meninas entraram no banheiro me xingando e um monte de homens estava do lado de fora aguardando a minha saída. O pessoal da minha classe, que conseguia ver a cena do outro lado do corredor, fez um cordão humano para que eu conseguisse sair. Aí você já sabe. Fui para a sala e aguardei a polícia.



VIRGULA: Você disse que não voltou à faculdade desde a quinta-feira (22). O que você tem feito?
Estou praticamente trancada em casa. Eu não saio mais na rua. Quando arrisquei ir até o mercado, teve gente que parou e me perguntou se eu era "a puta do YouTube". Eu tenho medo de sofrer novas ameaças e não quero ouvir essas coisas. No máximo, fui ao mercado ou à manicure.

VIRGULA: Você trabalha?
Eu trabalho no mercadinho próximo da minha casa, mas estou afastada. Vai que chega algum louco lá.

VIRGULA: E seus pais? Como eles estão?
Minha mãe é dona de casa e está em estado de choque. Ela já desmaiou em casa. Ela tá tomando remédio pra não passar mal. Eu disse que ela não precisa ir comigo no encontro com os diretores da faculdade, mas ela quer ir. Já meu pai sabe o que aconteceu, mas não tem ideia da repercussão que essa história está tendo. Eu acredito que ele também vai querer me acompanhar quando eu for à faculdade.

VIRGULA: Você se arrepende da roupa que usou?
Imagina. Não fiz nada de errado. Eu já usei aquele vestido em muitos lugares e nunca tive problemas. Eu fiquei 40 minutos no ônibus antes de chegar lá e ninguém fez absolutamente nada. As pessoas olham, é normal, mas ninguém vai sair xingando. Foi eu entrar na faculdade que começou a balbúrdia. Já fui em shopping, festas, baladas com essa roupa e nunca tive problema.


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